sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Caminho de penúria


O descanso do andarilho  Foto: Aldair Rodrigues

   Após percorrer as calorosas ruas, os badalados eventos e os constantes olhares de nojo e compaixão, o repouso é a melhor opção.

   A cor morenez maltratada pela própria luz que lhe servira, exala o odor do cansaço em suas vestes raramente ensaboadas.

   No rosto as marcas de um caminho regado ao vício, ao desprezo, a cegueira perceptível, ao tímido sorriso falho.

   De sua boca um emaranhado de palavras, a incoerência entre o sujeito e a ação, entre o que é certo ou errado, são apenas palavras ao vento.

   No corpo a dor do destino cruel, da irracionalidade, da escolha inconsequente, do abandono fraternal, talvez.

   Na anestesia do sono, ainda há sonhos? Ou é apenas um corpo em repouso? Uma matéria no espaço? Há esperanças ao acordar?

   Enfim ele desperta aos sons das buzinas e motores dos carros e motos que insistem em perturbá-lo.

   Com a mochila nas costas e a sacola quase cheia ele sai novamente, passos lentos, resmungando com o vento!

Texto e foto: Aldair Rodrigues

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