O descanso do andarilho Foto: Aldair Rodrigues
Após percorrer as calorosas ruas, os badalados eventos e os constantes olhares de nojo e compaixão, o repouso é a melhor opção.
A cor morenez maltratada pela própria luz que lhe servira, exala o odor do cansaço em suas vestes raramente ensaboadas.
No rosto as marcas de um caminho regado ao vício, ao desprezo, a cegueira perceptível, ao tímido sorriso falho.
De sua boca um emaranhado de palavras, a incoerência entre o sujeito e a ação, entre o que é certo ou errado, são apenas palavras ao vento.
No corpo a dor do destino cruel, da irracionalidade, da escolha inconsequente, do abandono fraternal, talvez.
Na anestesia do sono, ainda há sonhos? Ou é apenas um corpo em repouso? Uma matéria no espaço? Há esperanças ao acordar?
Enfim ele desperta aos sons das buzinas e motores dos carros e motos que insistem em perturbá-lo.
Com a mochila nas costas e a sacola quase cheia ele sai novamente, passos lentos, resmungando com o vento!
Texto e foto: Aldair Rodrigues
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