Por: Aldair Rodrigues
Um dia eu servi.
Fui a muitos lugares,
não estive nos rios da antiga Vila Nova da Rainha, mas certamente velejei nas
águas barrentas da Ilha Tupinambarana, conhecida como a capital do folclore.
Por terra trago as marcas da calorosa Francesa, atracação das mais cabíveis
histórias, cruzamento entre citadinos e ribeirinhos.
Passei pela Matriz do
Carmo e não me neguei em pisar no solo santo. Paciente, vi meu dono sinalizando
da testa ao peito o sinal da sua temida fé. Mal eu sabia que o meu destino
terminaria numa orla esquecida pelo "discurso do progresso".
Ancoramos e mais
adiante, em uma poça lamaçal qualquer fui abandonada, por que na vida tudo tem
um prazo, tudo se acaba, menos as histórias.
Para que sirvo? Calço os pés
rachados, os macios e também sou muito querida pelos que aqui semearam o começo
econômico da calorosa Parintins.
Muito prazer! Sou uma sandália
esquecida e mais adiante o meu abandonado amigo barco.
foto: Aldair Rodrigues |
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