quarta-feira, 9 de maio de 2018

MEMÓRIAS AO MEU ANTIGO DONO

Por: Aldair Rodrigues



Um dia eu servi.
Fui a muitos lugares, não estive nos rios da antiga Vila Nova da Rainha, mas certamente velejei nas águas barrentas da Ilha Tupinambarana, conhecida como a capital do folclore. Por terra trago as marcas da calorosa Francesa, atracação das mais cabíveis histórias, cruzamento entre citadinos e ribeirinhos.
Passei pela Matriz do Carmo e não me neguei em pisar no solo santo. Paciente, vi meu dono sinalizando da testa ao peito o sinal da sua temida fé. Mal eu sabia que o meu destino terminaria numa orla esquecida pelo "discurso do progresso".
Ancoramos e mais adiante, em uma poça lamaçal qualquer fui abandonada, por que na vida tudo tem um prazo, tudo se acaba, menos as histórias.

        Para que sirvo? Calço os pés rachados, os macios e também sou muito querida pelos que aqui semearam o começo econômico da calorosa Parintins.
      Muito prazer! Sou uma sandália esquecida e mais adiante o meu abandonado amigo barco.









foto: Aldair Rodrigues
foto: Aldair Rodrigues





*Esta narrativa é baseada nos viveres e construção histórica do povo da cidade de Parintins , no Amazonas-Brasil. Os locais citados no texto fazem parte da estrutura urbana da cidade, como a orla, o bairro da Francesa e a Catedral de Nossa Senhora do Carmo.
*Parintins é um município brasileiro no interior do estado do Amazonas. Pertence à mesorregião do Centro Amazonense e microrregião de mesmo nome, localizando-se no extremo leste do estado, distante cerca de 369 quilômetros da capital Manaus. POPULAÇÃO:  113 832 hab – estimativa populacional - IBGE/2017.

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